A QUESTÃO DA PALESTINA

16/09/2011 19:02

 

Essa questão tem sido o mais persistente foco de tensão no Oriente Médio: a briga pela Palestina que é composta por três entidades politicas: o Estado de Israel e dois territórios, Cisjordânia e Faixa de Gaza, ambos ocupados por Israel desde a guerra dos Seis Dias.

Do ponto de vista populacional, em Israel cerca de 80% da população é de origem judaica e pouco mais de 10% são árabes. Na Cisjordânia são mais de 1,5 milhões de palestinos e na faixa de Gaza existe mais de 1 milhão de palestino. Com a criação do Estado de Israel, muitos palestinos fugiram ou foram expulsos para países árabes vizinhos.

Os que ficaram em Israel, mesmo aqueles que com o tempo adquiriram a nacionalidade israelense, de maneira geral são tratados como cidadãos de segunda categoria.

Desde 1948 os palestinos vem lutando para criar seu Estado e desde 62 passaram a ter uma organização reconhecida internacionalmente como representante de seu povo a OLP (organização para libertação da Palestina), esta pregava a destruição de Israel e a libertação de toda Palestina. A OLP se uniu a varias organizações menores como a Hamas e Al Fatah grupo criado por Yasser Arafat que em 1969 assumiu a OLP.

O terrorismo tornou-se a principal arma politica contra Israel, incluindo atentados a bombas, sequestro de aviões e outras ações como o assassinato de um atleta israelense nas olimpíadas de Munique.  A OLP atuava como um Estado sem território.

Esse clima de conflito atingiu um dos ápices em 1987, quando ocorreu a primeira intifada. A intifada é uma revolta popular dos palestinos. Essa rebelião se manteve sem interrupção até a assinatura dos tratados de paz com Israel no início dos anos 90. Depois, com o fracasso do processo de paz, foi retomada em 2000.

Em 6 de Dezembro de 1987, seis trabalhadores palestinos foram mortos na Faixa de Gaza, atropelados por um caminhão conduzido por um israelense. Os palestinos convenceram-se de que o incidente foi um crime deliberado e três dias mais tarde, um jovem palestino apanhou uma pedra do chão e atirou-a contra uma patrulha israelense.

Foi desta forma que teve início a intifada - a revolução das pedras. Os intelectuais palestinos apropriaram-se da palavra para explicar que a sua juventude tentava sacudir-se, ou sacudir 20 anos da humilhação do controle israelense sobre seu território.

O levante espontâneo nos territórios ocupados, após 20 anos de controle israelense, foi uma grande surpresa, inclusive para a própria liderança palestina (que então vivia no exílio). Palestinos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza passaram uma geração inteira sob domínio israelense, e apesar de alguns confrontos isolados, o domínio israelense raramente havia sido desafiado em massa. A nova geração acabaria alterando esta situação. Barricadas foram erguidas por todos os territórios, pneus foram queimados e a bandeira palestina, ilegal, passou a ser vista com frequência nas áreas de intensa atuação da intifada.

As autoridades israelenses foram igualmente pegas de surpresa, sem saber como reagir. Era difícil classificar um movimento popular como trabalho de "terroristas". Alguns líderes políticos aconselharam Israel a se retirar, mas a postura linha dura dos israelenses de direita acabou prevalecendo.

Os israelenses fecharam universidades, deportaram manifestantes, demoliram casas palestinas - sem qualquer resultado. Para cada notícia na televisão relatando um incidente ocasionado pela reação violenta das autoridades israelenses, os palestinos ganhavam mais destaque internacional, enquanto Israel perdia credibilidade.

As baixas foram consideráveis. Cerca de 1.300 palestinos perderam a vida, incluindo 300 crianças, durante essa primeira fase da intifada. Mas o levante popular conseguiu, no entanto, despertar a atenção da comunidade internacional para tentar chegar a uma solução pacífica para o conflito, um processo que culminaria com o tratado de Oslo, assinado em 1993.

Como começou a segunda Intifada? Quais foram às consequências?

Esta nova fase do longo conflito da região iniciou em outubro de 2000, quando o general aposentado Ariel Sharon, um dos líderes do partido de direita Likud, realizou um ato de provocação com uma visita não autorizada à esplanada das mesquitas, em Jerusalém.

Embora seja localizada dentro de Jerusalém, cidade sagrada que Israel reivindica como capital de seu país (não reconhecida pela comunidade internacional), a esplanada é sede dos templos muçulmanos mais importantes fora de Meca (na Arábia Saudita). Por isso, é administrada pelos líderes religiosos muçulmanos, que têm autonomia para controlar o lugar, determinam quem pode entrar no local. O governo israelense sempre respeitou isso.

As mesquitas da esplanada foram construídas sobre os alicerces do antigo templo construído pelo rei Salomão (destruído pelos romanos no século 1 depois de Cristo). O muro das Lamentações, local sagrado para os judeus, é um pedaço do alicerce, que sobreviveu à destruição. Fica, portanto, embaixo das grandes mesquitas.

Sharon é odiado pelos palestinos por ter sido sempre associado a violências contra comunidades árabes em conflitos (na guerra de 1973, na invasão do Líbano em 1982), inclusive os massacres a dois campos de refugiados palestinos no Líbano (Sabbra e Chatila), em 1982.

Sharon era um líder Quando Ariel Sharon resolveu desafiar as regras impostas pelo governo de Israel e pelas autoridades religiosas muçulmanas, ele forçou a falência do processo de paz, que atravessava uma crise logo depois de o então primeiro-ministro Ehud Barak oferecer aos palestinos a devolução dos territórios ocupados, inclusive a área oriental de Jerusalém (maioria muçulmana).do Likud no ostracismo e o mais forte líder de seu partido era Benjamin Netaniahu.

A provocação fez renascer a intifada, radicalizou a posição palestina, enfraqueceu Barak e Netaniahu, ao mesmo tempo, tornando Sharon o candidato mais forte à eleição de premiê, o que de fato se confirmou nas urnas.

Nas eleições de fevereiro de 2001, os trabalhistas foram derrotados, sendo Sharon eleito primeiro-ministro, com o Likud (partido de direita) liderando um governo de coalizão com os trabalhistas e partidos religiosos. O já desgastado processo de paz foi bloqueado.

Evidentemente, Sharon, considerado pelo próprio parlamento israelense como responsável pelos massacres de Sabbra e Chatila, aplicou uma linha dura com a Autoridade Nacional Palestina (ANP). Os alvos visados, inicialmente, foram às forças de segurança da ANP, na inútil suposição de que Arafat recuaria.

Mas as retaliações contra as ações palestinas, as restrições à cobertura da imprensa e a recusa à proposta da ONU de enviar observadores desarmados criaram constrangimentos internacionais ao governo israelense.

Do lado palestino, a estratégia tem sido a de criar insegurança aos colonos israelenses nos territórios ocupados, bem como às tropas de ocupação, através da ação de franco-atiradores e de atentados suicidas. Esta estratégia pretende demonstrar que o custo da manutenção da tranquilidade pode ser altíssimo para os israelenses, e é mais ou menos orientada pela ANP.

Por outro lado, a ação de grupos contrários ao processo de paz e à ANP, como o Hamas, que promove atentados suicidas em Israel ou postos militares, e que independe da coordenação de Arafat, acabam complementando, indiretamente, a estratégia palestina. Israel revida com bombardeios, assassinatos de militantes e demolição de residências, além de ocupar temporariamente territórios da ANP.

 

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